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Dizendo adeus

Despediram-se. Apenas se disseram “adeus” e seguiram na mesma direção por lados opostos.

Para onde iriam, agora que já não estavam mais unidos pelo mesmo ideal?

Voltariam a se encontrar? Era o que um deles se indagava silenciosamente.

Nós os observávamos à distância, pois sabíamos o que estava por ocorrer.

Andaram uma parte do caminho e, como se houvessem combinado, pararam subitamente.

Olharam-se longamente.

Repentinamente resolvem transpor o espaço que os separava e, assim, também de modo súbito, foram alcançados por um veículo em alta velocidade que jogou seus inertes corpos, um para cada lado.

Agora, efetivamente, estavam separados, adeusados.

Aproximamo-nos para o momento de amparo e nos surpreendemos com a clareza que demonstravam, ainda que impactados pelo acontecido.

Enquanto os circundantes aguardavam as providências médicas e legais, nós ficamos junto a eles.

Não houve tempo para darmos mais do que nosso procedimento habitual em tais ocasiões, deixando que ficassem sedados, mesmo percebendo que não haveria maiores dificuldades no momento de efetuar o desligamento de seus corpos físicos.

Permanecemos próximos e atentos.

Os familiares se mantinham estupefatos, pelo modo como tudo acontecera, visto que sabiam da proposição deles em seguirem suas vidas separadamente, ainda que muito sentissem grande afeto um pelo outro.

Em respeito a tal sentimento, decidiram que permaneceriam próximos em seus cerimoniais de despedida. As famílias, entretanto, em dado momento insinuaram disposição para acusações para um e para outro, sendo que a dela era a mais disposta ao enfrentamento acusatório.

Tivemos que intervir, ainda que não fizesse parte de nossa tarefa, mas sabíamos que era preciso deixar o ambiente mais sereno, para que tudo transcorresse sem maiores perturbações.

No momento aprazado para o sepultamento de suas embalagens materiais, nós envolvemos os dois, separadamente em bolhas transmutatórias de energias e fizemos com que despertassem.

Ele apenas olhou tudo ao redor. Seu corpo sendo velado; seus afetos, abalados e entristecidos; e não mostrou nenhuma reação de desequilíbrio, como se tudo entendesse.

Ela olhou ao redor, como se procurasse alguém e logo entendemos o que ocorria. Ela estava ciente de sua nova condição e queria localizá-lo para ver se viera com ela.

Quando constatou que seus corpos estavam lado a lado, compreendeu que ele também deixara a matéria.

Queria ver onde ele estava, mas não conseguia.

Assim, próximos, mas separados, aceitaram o desligamento que efetuamos, demonstrando serenidade.

Quando tudo se encerrou, pudemos por fim encaminhá-los ao hospital onde receberiam o tratamento adequado e os esclarecimentos que se faziam necessários em tais situações.

O que podemos narrar a vocês é que mesmo buscando a separação na matéria não supunham o retorno à espiritualidade, no mesmo momento.

Quando os que estão no plano físico, aceitam sem temor ou rebeldia o que foi antecipadamente estabelecido tudo transcorre, como no caso enfocado, sem sofrimento maior.

Este é um exemplo a ser seguido.

Aceitar tudo em todo momento. Nada mais.

Angelino

Recebida pela Magali em 08/07/2012

Revisão: Clovis