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Acolhendo com o coração

Temos conseguido ouvir o silêncio das palavras e o grito das almas em agonia. Há tanta dor, tanto desconforto na intimidade de cada criatura, que ficamos condoídos com seus comprometimentos e tentamos, na medida do que nos é possibilitado, aliviar o peso, apaziguar a dor e tornar o trajeto menos sofrido.

Sabemos que muitos estão imunizados, já sofreram tanto que não sentem em profundidade cada novo choque que a vida lhes apresenta, mas isto não os impede de sofrer e de envolver-se nos desafios.

A mãe que continua sorrindo aos amigos, levando na alma a dor do filho perdido nos descaminhos das drogas; o pai que durante o dia executa suas tarefas com aparente zelo e responsabilidade e à noite, entrega-se ao consumo exagerado de álcool; a mulher que descobre que o companheiro além dela tem mais outra parceira, continuamente, em sua vida; a mãe de família que não consegue, apesar das tarefas assumidas, dar conta da responsabilidade na manutenção dos filhos; a jovem que se apresenta desanimada e sem perspectivas que a estimulem; o homossexual que briga consigo sem saber se expõe sua opção ou se permanece ocultado; a mulher que vende o corpo e sonha em ir além, mas em vez de ir em busca do que almeja, mergulha cada vez mais no desconforto de entregar-se e se deixa levar pelas circunstâncias; a criança que é deixada nas esquinas da vida a esmolar para, depois, alcançar aos pais o produto obtido; os pais que descobrem a doença rara no único filho e se desesperam pela sua incurabilidade.

Sabemos muito bem que cada um está vivenciando o que se propôs, entretanto, não há como não auxiliá-los, levando-lhes energias suplementares, amparando suas almas e fazendo-os mais fortes e hábeis para enfrentar a atual existência.

Cada um que chega nesta Casa de Amor e Aprendizado vem em busca de atenção, cuidado, orientação e na maioria das vezes encontra o que busca, assim, os pedintes de ontem fazem-se provedores do hoje – e através de suas disponibilidades permitem que alcancemos um pouco mais de paz, conforto, serenidade e esperança aos sofredores da hora.

Comunicamos isto a vocês para que percebam o grau de responsabilidade e o cuidado necessário ao acolher um irmão em desajuste; considerem que a dor, a preocupação manifesta é muitas vezes bem maior do que o exposto, então fiquem atentos, leiam nos olhos, observem a expressão, captem no silêncio o que é ocultado, muitas vezes, deles mesmos e não tenham pressa em encaminhá-los sem que tenham expressado o máximo possível de seu momento.

Não estamos a lhes pedir nada além do que uma disponibilidade abrangente e sabemos que são capazes, pois contam em todo momento com seus mentores.

 

Anabando

Recebida pela Magali em 16.11.2009

Revisão: Clovis