Meditação da amizade com o Homem Velho
“A própria destruição, que aos homens parece o termo final de todas as coisas, é apenas um meio de se chegar, pela transformação, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para renascer e nada sofre aniquilamento.”
O Evangelho Segundo Espiritismo – Capítulo III– item 19
Vamos juntos fazer uma viagem ao encontro de nossa sombra. Antes, porém, recordemos alguns conceitos.
A eficácia do labor de renovação depende essencialmente da capacidade do encontro harmônico com as mazelas que, habitualmente, desejamos ignorar.
Aceitar-se é ter coragem de olhar para si mesmo, criar uma “autocatarse”, ser em si mesmo um espelho para analisar as suas reações e proceder a uma “busca terapêutica” para dignificação.
Aceitação é diferente de conformismo com o mal.
Aceitar-se é admitir a si mesmo suas limitações com finalidades de estudá-las para transformá-las.
Que haja muito discernimento nesses conceitos: aceitar imperfeições é muito diferente de aceitar erros.
A inimizade com o homem velho é extremamente prejudicial ao desenvolvimento dos valores divinos, porque gastamos toda energia para combater-nos e não para talhar virtudes e conquistar nossa sombra.
Há muitos espiritistas que seguem normas lidas aqui e acolá, quando o importante é sermos as normas em nós próprios, descobri-las a partir de nosso mundo singular e inigualável. Livros e palestras, orientações e vivências dos outros são valorosas referências para ponto de partida de uma longa viagem que terá de ser trilhada com nossos próprios pés.
Nada sofre destruição e aniquilamento, tudo é transformado e aperfeiçoado em a natureza.
Não se mata o que fomos, conquistamos.
Não se extermina com o passado, harmonizamos.
O autoamor é a medida moral de paz conosco mesmo em favor dos objetivos maiores que almejamos. Não há liberdade interior sem a presença do amor.
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Vamos então meditar e encontrar com nosso homem velho.
Primeiramente ore com unção pedindo ajuda de teu espírito-guia ou dos amigos desencarnados de tua confiança, para que a tua seja uma empreitada bem sucedida.
Faça um suave relaxamento físico e psíquico.
Cuide da posição física e local para que estímulos de fora ou a má acomodação não causem muito prejuízo à concentração.
Utilize uma música branda e de acordes uniformes.
Feche os olhos e guarde na alma a indeclinável certeza de que será uma feliz experiência o teu autoencontro.
Imagine-se só. Um campo verdejante, florido, rico de natureza.
Respire o ar do campo, você está muito bem, muito bem. Um bem-estar invade tua alma.
Abra os braços e sinta a brisa roçando teu corpo em confortadora sensação de alivio e esperança.
Sobre sua cabeça está surgindo uma esfera luminosa com luz muito intensa e balsamizante, é o Divino fluxo de Deus.
Dessa esfera parte agora em tua direção uma luz de cor prateada-azulada envolvendo todo o teu corpo.
Sinta-se calmo, confiante, capaz e feliz.
Observe agora a alguns metros à sua frente, nesse campo maravilhoso: outra esfera idêntica faz o mesmo procedimento.
Você percebe que lá dentro há alguém a agitar-se, contorcer-se e esbravejar-se.
A princípio você se assusta; mas mantenha seu vinculo com a esfera de luz que te envolve e ore pelo ser do outro cone. Não se sabe a razão de sua dor, ele sofre, isso é uma verdade, esse é o seu estado.
Deus o abençoe com paz. Mas não chegue perto da outra esfera, mantenha sua distância inicial.
Agora observe com mais amor quem está lá.
Não pode ser! Sim, mas é verdade… É você mesmo…
Sim, é seu homem velho, sua criação… Olha-o com amor sem se aproximar… Procure externar os melhores sentimentos para com ele.
Ele não lhe diz nada, todavia, ouve-te os sentimentos e agora fixa os teus olhos. Olha-o também, perceba que é uma cópia de você, apenas mais desgastado e triste.
Agora ele está mais calmo e você poderá ter uma conversa com ele. Vamos nos preparar para isso.
Veja que os cones estão sumindo, contudo, vocês não podem se tocar agora.
Não receie o encontro, mas não lhe toque agora, apenas fale com ele. Pergunte-lhe as razões de suas tristezas e desgastes. Indaga-lhe o que quiser ou apenas sinta-o. Fique assim por algum tempo.
Vá procurando sentir as palavras que vamos dirigir-lhe.
Quero lhe conhecer melhor, meu homem velho, e propor-lhe uma amizade.
Sou o responsável por você, sou seu criador, então não lhe posso querer mal. Pelo contrário, quanto mais amadureço, mais o amo e o respeito, sem recriminação, sem repúdio.
Só quero que entenda que não posso mais ceder a seus pedidos. Conheci Jesus e desejo intensamente os ensinos do Mestre. Perdoe-me, mas não posso mais atender seus desejos, que em verdade eram os meus em outro tempo.
Amo-o, pode acreditar, embora nem sempre saiba lidar fraternalmente com teus convites. Mas estou aqui para isso: aprender a sentir teu “calor emocional” sem medos e cobranças.
Venha comigo, você não necessita mais das formas infelizes do prazer como lhe ensinei, venha!Existem outras coisas que quero lhe ensinar. Serei paciente. Sentaremos assim, na relva, um ao lado do outro e ficaremos longamente olhando o horizonte.
Porque não concorde com suas propostas não significa que lhe queira mal, tenho agora outras metas e não posso traí-las.
Sua energia pode ser muito útil a esses novos propósitos, e as metas podem ser nossas, venha, ajude-me!
Quero lhe dar vida, pois do contrário ficará preso ao passado, ficará só, cultivando desejos irrealizáveis, se ferindo. Disse Jesus: “Vinde a mim os cansados e oprimidos, eu vos aliviarei…”
Se hoje, eu ceder às tuas propostas, serei eu o infeliz, o solitário, o arrependido, e além disso prejudicaremos outras pessoas como fizemos outrora.
Dê-me tuas mãos(mentalize suas mãos estendidas com jatos de luz verde-clara e muito amor, toque as mãos dele).
Ele tem receios, abaixa a cabeça, sente-se humilhado, sem norte.
Olhe em meus olhos, sinta meu sentimento de amor por você. Você é meu filho e eu o amo como filho.
Venha, abraça-me, Jesus vai nos abençoar.
Faça agora o encontro Divino e redentor; vá, abrace-o com muito amor(Dê-lhe um terno e longo abraço e permaneça sentindo as emoções desse encontro por algum tempo).
Seu homem velho renova-se em luz e se funde com você em paz.
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Procure retornar ao ambiente sensório lentamente trazendo essa sensação de felicidade consigo mesmo, de autoamor.
Repita sempre a vivência. O êxito dependerá da disciplina na assiduidade e no cultivo do desejo de melhorar a sua vida integral.
Seja feliz sempre. Todos temos um incomparável valor perante a vida, compete-nos descobri-lo e viver plenamente.
Fonte: livro Reforma Íntima Sem Martírio, 28ª edição, capítulo 13