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Transtorno Bipolar

O que é transtorno bipolar?

O Transtorno Bipolar (TB) é caracterizado por alterações de humor que se manifestam como episódios depressivos alternando-se com episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de intensidade. É uma condição médica frequente. O TB tipo I, que se caracteriza pela presença de episódios de depressão e de mania, ocorre em cerca de 1% da população geral. Considerando-se os quadros mais brandos do que hoje se denomina “espectro bipolar”, como o Transtorno Bipolar tipo II (caracterizado pela alternância de depressão e episódios mais leves de euforia – hipomania), a prevalência pode chegar a até 8% da população. Assim, estima-se que cerca de 1,8 a 15 milhões de brasileiros sejam portadores do TB, nas suas diferentes formas de apresentação.

A base genética do TB é bem estabelecida: 50% dos portadores apresentam pelo menos um familiar afetado, e filhos de portadores apresentam risco aumentado de apresentar a doença, quando comparados com a população geral.

O TB acarreta incapacitação e grave sofrimento para os portadores e suas famílias. Dados da Organização Mundial de Saúde, ainda na década de 1990, evidenciaram que o TB foi a sexta maior causa de incapacitação no mundo. Estimativas indicam que um portador que desenvolve os sintomas da doença aos 20 anos de idade, por exemplo, pode perder 9 anos de vida e 14 anos de produtividade profissional, se não tratado adequadamente.

A mortalidade dos portadores de TB é elevada, e o suicídio é a causa mais frequente de morte, principalmente entre os jovens. Estima-se que até 50% dos portadores tentem o suicídio ao menos uma vez em suas vidas e 15% efetivamente o cometem. Também doenças clínicas como obesidade, diabetes, e problemas cardiovasculares são mais frequentes entre portadores de Transtorno Bipolar do que na população geral. A associação com a dependência de álcool e drogas não apenas é comum (41% de dependência de álcool e 12% de dependência de alguma droga ilícita), como agrava o curso e o prognóstico do TB, piora a adesão ao tratamento e aumenta em duas vezes o risco de suicídio.

O início dos sintomas na infância e na adolescência é cada vez mais descrito e, em função de peculiaridades na apresentação clínica, o diagnóstico é difícil. Não raramente as crianças recebem outros diagnósticos, o que retarda a instalação de um tratamento adequado. Isso tem consequências devastadoras, pois o comportamento suicida pode ocorrer em 25% dos adolescentes portadores de TB.

O tratamento adequado do TB reduz a incapacitação e a mortalidade dos portadores. Em linhas gerais, inclui necessariamente a prescrição de um ou mais estabilizadores do humor em associação (carbonato de lítio, ácido valpróico/valproato de sódio/divalproato de sódio, lamotrigina, carbamazepina, oxcarbazepina). A associação de antidepressivos (de diferentes classes) e de antipsicóticos (em especial os de segunda geração como risperidona, olanzapina, quetiapina, ziprasidona, aripiprazol) pode ser necessária para o controle de episódios de depressão e de mania.

Fonte: Associação Brasileira de Transtorno Bipolar

Transtorno Bipolar – as duas faces do humor

Há dias em que a euforia bate no céu. Em outros a depressão leva ao fundo do poço. A novidade sobre essa gangorra de emoções é que os cientistas confirmam a suspeita de que uma molécula presente no cérebro e no sangue pode apontar a predisposição para a doença (sim, é doença!) com boa margem de segurança.

É como levar uma vida dupla. Uma hora a euforia toma conta e leva o organismo ao seu limite de excitação, até mesmo sexual. É energia que não acaba mais, a ponto de o sono tornar-se quase desnecessário. Perde-se a capacidade de julgamento e a autocrítica e há quem se torne irritadiço. Para descrever esse estado de ânimo os médicos utilizam o termo mania. Ela é um dos extremos de uma doença caracterizada por uma profunda instabilidade de humor, o qual oscila entre esse estado eufórico intenso e o seu oposto, a depressão.

Para os portadores do transtorno bipolar doença que há poucos anos era conhecida como psicose maníaco-depressiva, encontrar o equilíbrio entre as duas pontas das emoções radicais é como tentar andar sobre um terreno movediço. “É o pessoal do oito ou 80”, resume o psiquiatra Diogo Lara, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e autor de Temperamento Forte e Bipolaridade. “Diferentemente de quem tem um humor saudável, os que sofrem desse transtorno não costumam ser previsíveis ou flexíveis nem respondem com proporcionalidade aos estímulos.” Acredita- se que 1% da população mundial conviva com o tipo 1 da doença, considerado o mais grave.

Pode até parecer pouco, mas na verdade o transtorno bipolar é um tormento para muito mais gente. Estima-se que cerca de 5% das pessoas tenham instabilidades de humor em algum grau. Feitos os cálculos, os brasileiros alterados somam aproximadamente 9 milhões. Muitos deles nem sabem do próprio distúrbio. Outros, ainda pior, são tratados da maneira errada. “Nesse caso o diagnóstico costuma ser esquizofrenia ou simplesmente depressão”, conta o psiquiatra Jair Soares, chefe da Divisão de Transtornos do Humor e Ansiedade da Universidade do Texas em San Antonio, nos Estados Unidos.

Sabe-se que essa é uma doença em grande parte determinada pelo histórico familiar. Uma criança que tem um dos pais com transtorno bipolar apresenta uma probabilidade de 15% a 20% de manifestar o mesmo problema. Um estudo, realizado com gêmeos idênticos, mostrou ainda que, se um deles tem a doença, o risco de o outro também vir a ser uma vítima é de 80%.

A mais recente descoberta sobre a origem do mal vem de um grupo de pesquisa do Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Os cientistas andavam em busca de uma pista sobre a relação entre o transtorno bipolar e a molécula BDNF (sigla em inglês para fator neurotrófico derivado do cérebro), cuja atuação na memória já era bem conhecida. As evidências dessa ligação ficaram muito claras em seu estudo.

O trabalho mostrou que os bipolares têm menos BDNF no sangue do que as pessoas normais. “E notamos que, quanto menores os teores no sangue, maior a gravidade da doença”, revela um dos autores do trabalho, o psiquiatra Flávio Kapczinski, responsável pelo Laboratório de Psiquiatria Experimental do hospital gaúcho. Como os níveis dessa molécula são ditados pela genética, a esperança é de que ela possa vir a ser um marcador da doença. O teste ainda é experimental, mas deverá se tornar rotina médica nos próximos anos.

Igual a todo distúrbio da mente humana, porém, a bipolaridade também é determinada pela maneira como lidamos com as adversidades. “Muitas vezes pode-se até herdar o gene que leva a uma predisposição, mas, sem um evento estressante, o transtorno não se desenvolve”, afirma o psiquiatra Beny Lafer, professor da Universidade de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em transtorno bipolar do Hospital das Clínicas da capital paulista. “Em caso de estresse emocional ou abuso de drogas, os riscos ficam de quatro a cinco vezes maiores.”

O problema geralmente dá as caras no final da adolescência e no início da vida adulta, mas a meninada menor também é alvo. Na infância, aliás, não raro ele é confundido com distúrbio do déficit de atenção e hiperatividade. “Crianças diagnosticadas assim, mas que não respondem ao tratamento, podem ter na realidade o transtorno bipolar”, garante Jair Soares. Descobrir a doença cedo e controlá-la o quanto antes ajuda seu portador a levar uma vida normal. É o que você verá nas páginas seguintes.

As oscilações do humor podem ser trágicas. Uma depressão prolongada, daquelas que chegam a durar meses ou mesmo anos, muitas vezes são o estopim de uma tentativa de suicídio. No outro extremo, o da mania, algumas semanas de crise são suficientes para pôr toda uma vida a perder. Relações são desfeitas e o dinheiro economizado por décadas, torrado em poucos dias. Não precisa ser assim. Ok, não há cura para o transtorno bipolar, mas, como outras doenças crônicas, trata-se de um mal controlável.

Em casos de bipolaridade, os remédios conhecidos como estabilizadores do humor são fundamentais para o tratamento do tipo 1 e para alguns pacientes do tipo 2, como os médicos chamam uma forma mais moderada do transtorno. Qualquer que seja o tipo, porém, o maior problema costuma ser a resistência do paciente a tomar os medicamentos. Um dos motivos está nos efeitos colaterais. O lítio, por exemplo, que ainda é uma das drogas mais usadas, pode provocar ganho de peso, tremores, aumento do apetite e retenção de líquido um sufoco que, parece, as mulheres têm ainda mais dificuldade para enfrentar. “Mesmo assim, os benefícios são muito maiores do que os efeitos colaterais”, opina Beny Lafer, da USP.

No entanto, é bom que fique claro: nenhum remédio, sozinho, opera milagres. Ele pode restaurar o equilíbrio químico dentro do cérebro, mas e as emoções? Hoje, até os cartesianos mais ferrenhos já deixaram de considerar a mente e o corpo como estruturas absolutamente separadas. No caso do transtorno bipolar, diga-se, estão intimamente ligadas. E é aí que entra a psicoterapia, como peça fundamental do tratamento dos bipolares. “Aliás, não se trata de uma doença mental apenas, mas um mal sistêmico que afeta o indivíduo como um todo. Esse paciente requer uma equipe multidisciplinar”, defende Flávio Kapczinski.

Prova disso é que, em uma das pesquisas realizadas pela equipe de Kapczinski, descobriu-se que os pacientes bipolares têm no cérebro uma quantidade menor de enzimas antioxidantes em comparação com o resto da população. Essas substâncias são essenciais para a manutenção da saúde ao evitar mutações genéticas que podem dar início ao câncer, por exemplo. “Não é por acaso que os bipolares têm maior incidência de morte por tumores, doenças cardiovasculares e diabete”, acredita o psiquiatra. “Estamos em busca de métodos que permitam aos pacientes ficar livres não só das alterações do ânimo, mas de outros danos.”

Doença do corpo e da mente, a bipolaridade também pode se enquadrar em outra categoria, a de doença social. Afinal de contas, muitas vezes não é o transtorno em si o que mais preocupa os pacientes, mas a reação das outras pessoas. Em outras palavras, é preconceito mesmo. E contra isso muitas vezes o melhor antídoto é fazer parte de um grupo. “O convívio social faz parte da terapia porque o doente discute situações comuns a todos os portadores. E um ajuda o outro”, conta Silvio Esteves, presidente da Stabilitas, organização que reúne cerca de 400 bipolares em Porto Alegre. Ora, se a vida é dupla e a doença é tripla, a conta só fecha porque as soluções são múltiplas.

O SOBE-E-DESCE DAS EMOÇÕES

As fases eufóricas são chamadas de mania. As mais brandas, de hipomania. Podem durar de alguns dias até longos meses, assim como as fases da depressão.

Fonte: Revista Saúde, Editora Abril S.A. edição 272.

Transtorno Bipolar tem alguma relação com Mediunidade ?

O transtorno bipolar (TB) é uma doença funcional do cérebro relacionada aos neurotransmissores cerebrais, que provoca oscilações imprevisíveis do humor, que vai da depressão aos estados mais elevados, chamados de hipomania ou mania. Afetando em torno de 1% da população, distribuído igualmente entre homens e mulheres, o TB permanece como crônico em um terço dos acometidos, perdurando por toda a vida. Surge geralmente na terceira década de vida e os sintomas depressivos predominam na maior parte do tempo. Conquanto receba o nome de transtorno bipolar do humor, ele tem subespécies em que só se manifesta a mania ou a depressão ou estados mistos de mania e depressão, em que predomina a irritabilidade.

Comumente, quando se apresenta com o predomínio dos sintomas depressivos é mal diagnosticado como depressão maior e tratado erroneamente com antidepressivos somente, o que piora o quadro. Por isso, o diagnóstico deve ser feito por profissional qualificado, após exame clínico acurado e colhida história detalhada da enfermidade e sua evolução. Sabe-se que o transtorno funcional dos neurotransmissores como noradrenalina, serotonina e dopamina desempenham papel fundamental na doença, e estudos mostram uma base genética também, pois incide mais frequentemente em algumas famílias.

Conquanto existam os fatores predisponentes, há também as situações desencadeantes, geralmente associadas ao estresse ambiental ou uso/abuso de substâncias psicotrópicas, legais e ilegais.

Pelo que você pode observar, até agora analisamos apenas os fatores biológicos e ambientais, ficando uma lacuna nos aspectos psíquicos espirituais. Há fatores intrapsíquicos, como a estrutura de personalidade, que joga como um fator de facilitação para a emersão do estado patológico. Aqui, de igual forma, torna-se impossível separar os fatores espirituais, cármicos, dos fatores psíquicos, pois ambos procedem de uma mesma fonte, qual seja, o espírito imortal. Torna-se vital avaliarmos o papel que desempenham o cérebro e o corpo físico como um todo no processo da evolução espiritual. O cérebro e o sistema endócrino-humoral são um grande sistema cibernético ou computadorizado, de natureza analógica e não digital, isto é, respondem às gradações de forma gradual e não pelo tudo ou nada. Isso faculta ao cérebro ser um meio modulador dos impulsos mentais advindos do espírito, atenuando-os ou potencializando-os, conforme as necessidades adaptativas ou educativas da interação espírito-matéria.

Assim sendo, as tendências patológicas agem como um alarme, fazendo o espírito automodular-se nas tendências e paixões. É a própria Lei de Causa e Efeito a serviço da educação, finalidade maior de sua existência no grande plano pedagógico de Deus. A guisa de metáfora, seria como um mau motorista que, notório abusador dos recursos do veículo, desgastando-o prematuramente no descontrole da velocidade e nas frenagens, arriscando-se e levando riscos aos outros, recebesse como parte do seu processo reeducativo um veículo com deficiência nos freios, obrigando-o a restringir a velocidade e a utilizar marchas adequadas, de modo a lhe permitir o devido controle no direcionamento veicular.

Assim podemos melhor compreender a injunção cármica dos transtornos mentais como um todo, que servem de recursos retificadores dos trânsfugas espirituais que, destarte, corrigem em si mesmos os desvios das paixões alucinantes, do suicídio direto e indireto, dos abusos da inteligência e de outras formas de viciação e alienação do espírito. No âmbito do tratamento, embora a própria enfermidade seja em si mesma uma forma de cura da causa original do problema, a Providência Divina concedeu à Medicina humana os meios paliativos e mesmo efetivos de controlar, digamos, o descontrole. No caso do TB temos uma imensa gama de substâncias chamadas de estabilizadores do humor que são utilizadas no tratamento de crise e no de longo prazo dessa devastadora doença.

Sob o ponto de vista espiritual, stricto sensu, a reforma íntima, a vigilância e a oração, o propósito no bem, as ações beneficentes constituem-se na melhor profilaxia e tratamento. Não raro, os portadores de TB trazem um séquito de cobradores do passado que podem vir a ser soezes obsessores, complicando um quadro já em si complexo e difícil. O transtorno bipolar do humor parece ser um facilitador da manifestação de faculdades mediúnicas, o que junto às afinidades espirituais do passado e seus compromissos, vulnerabilizam sobremaneira o enfermo, que se torna assim presa fácil de múltiplos fatores alienantes. É desnecessário dizer que a utilização da terapêutica espírita é de grande valia, se acompanhada do devido esforço regenerativo por parte do doente.

Luiz Antônio de Paiva é médico psiquiatra e membro da Associação Médico Espírita de Goiás (AME-GO). Matéria veiculada no site da Associação Médico Espírita do Brasil.

NOSSO COMENTÁRIO

A Bipolaridade sem Estigma

“É melhor ser diferente dos outros por fazer um tratamento do que por estar doente”

Considerando a abordagem do psiquiatra e pesquisador em neurociências – Diogo Lara – em seu livro – Temperamento Forte e Bipolaridade – fizemos algumas constatações que podem indicar aos Bipolares uma vivência sem estigma.

Aprendendo a encarar a Bipolaridade de modo mais simples e sereno podemos ver, por exemplo, que a sensação permanente de que algo está faltando, comum entre os bipolares, pode ser considerada como um estímulo que leva a pessoa a querer criar, inovar, investir, conquistar. (pag.69)

Outro aspecto a ser destacado (pg.155) diz respeito à conexão que pode estar ocorrendo entre o excesso de estímulos, desde a infância, que vai gerando um aumento nos índices de bipolaridade, fator este que pode ser controlado.

Esse excesso de excitação coincide com a redução da maternagem em nossa sociedade, pois os filhos são colocados em creches onde são mais estimulados e têm menos vivência do modelo de apego e cuidado materno, que aumenta a tolerância e a segurança da criança (pag.155).

Para que o indivíduo possa melhor exercer seu papel na sociedade, explorando seus talentos naturais, um bom começo é analisar seu temperamento, fraquezas e limitações, assim como suas vantagens e virtudes, ou seja, envolver-se num processo de autoconhecimento possibilitado através da tarefa de Renovação.

Por fim, cabe destacar alguns cuidados básicos que podem auxiliar na melhora da qualidade de vida:

SONO – de 7 a 9 horas por dia, de preferência com horários regulares – um grande maestro do humor;

ALIMENTAÇÃO – privilegiar o café da manhã reforçado, um almoço moderado e refeições leves à tarde e à noite;

EXERCÍCIO FÍSICO – um dos grandes estabilizadores de humor é o exercício físico aeróbico, feito preferencialmente pela manhã.

Nós somos o que comemos, vemos, ouvimos, cheiramos, sentimos na pele e tudo isto influencia nossos pensamentos.

Cada um desses elementos – sono, alimentação, atividade física e higiene com estímulos e atividades – favorece o bom andamento dos outros (pag.160/162).

Cabe destacar, por fim, a importância de uma psicoterapia produtiva que promove a consciência da situação, busca novas soluções, dá apoio, permite renovar sentimentos e favorece a autoestima e o relacionamento com os outros.

Como espiritualidade e materialidade estão em conexão permanente, fundindo-se nas manifestações de toda ordem é preciso valorizar a importância de uma abordagem tanto psíquica e emocional quanto um abrangente acompanhamento espiritual.

O Colegiado da Nossa Casa