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Depressão – O mal do século

SOBRE A DEPRESSÃO

Quantas pessoas sofrem de depressão?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão atinge 121 milhões de pessoas ao redor do mundo e está entre as principais causas que contribuem para incapacitar um indivíduo. A OMS prevê que até o ano de 2020 a depressão passe a ser a segunda maior causa de incapacidade e perda de qualidade de vida.

A doença só atinge um grupo específico de pessoas?

Não. A depressão pode ocorrer tanto em homens como em mulheres, de todas as idades e de qualquer classe social. No entanto, a incidência é muito maior entre as mulheres do que entre os homens (a proporção é de dois casos entre elas para cada caso entre eles). Entre os indivíduos que também apresentam maior risco de desenvolver a doença estão as pessoas com casos de depressão na família, usuários de drogas, medicamentos e álcool, e notamos que houve um aumento no afetamento de adolescentes e jovens entre 15 e 30 anos.

E quais são as causas da doença na terceira idade?

No idoso, é comum que a depressão esteja associada à diminuição da autonomia, da capacidade funcional, ao isolamento e à perda de familiares e amigos. Conforme a Associação Brasileira de Psiquiatria, cerca de 15% da população de idosos apresentam os sintomas clínicos da doença.

Quais são os principais sintomas da depressão?

A depressão diferencia-se das normais mudanças de humor pela gravidade e permanência dos sintomas. Os sintomas mais comuns são:

  • Modificação do apetite (falta ou excesso de apetite);
  • Perturbações do sono (sonolência ou insônia);
  • Fadiga, cansaço e perda de energia;
  • Sentimentos de inutilidade, de falta de confiança e de autoestima, sentimentos de culpa e sentimento de incapacidade;
  • Falta ou alterações da concentração;
  • Preocupação com o sentido da vida e com a morte;
  • Desinteresse, apatia e tristeza;
  • Alterações do desejo sexual;
  • Irritabilidade;
  • Manifestação de sintomas físicos, como dor muscular, dor abdominal, enjôo.

Quais são as suas consequências?

Se não tratada devidamente, pode levar a uma incapacidade de gerenciar a própria vida e à perda da responsabilidade em relação aos outros. A depressão pode levar a casos extremos como o suicídio. A doença está associada à morte de cerca de 850.000 pessoas por ano, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Fonte: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/

 

A DEPRESSÃO NA VISÃO MÉDICA

Este é o parecer do Prof. Dr. Mario Rodrigues Louzã Neto, Médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Psiquiatra e Psicanalista, sobre os aspectos médicos da depressão:

Depressão (Transtorno depressivo)

A tristeza é dos sentimentos humanos o mais doloroso. Todos nós tomamos contato com ela em algum momento de nossas vidas. A tristeza passageira, a “fossa” ou “baixo-astral”, o “estar down” fazem parte da vida, e são superados após algum tempo. O luto, após a perda de um ente querido, manifesta-se por um sentimento de tristeza e vazio e também é superado com o correr do tempo. Devem-se distinguir a tristeza e o luto normais da depressão.

A depressão é uma doença, como outra doença qualquer, que se caracteriza por uma tristeza profunda e duradoura, além de outros sintomas e que dispõe hoje de tratamentos modernos para alívio do sofrimento que acarreta. A depressão é uma doença bastante comum. A cada ano, uma em cada vinte pessoas apresenta depressão. As chances de alguém ter uma depressão ao longo da vida são de cerca de 15%.

É muito importante que as pessoas saibam perceber a depressão para poder procurar ajuda especializada e tratamento. A pessoa sente uma tristeza intensa, que não consegue vencer. Ela pode achar que isso é uma “fraqueza de caráter” e tem vergonha de pedir ajuda, ou então não sabe que se trata de uma doença como outra qualquer, passível de tratamento com grandes chances de sucesso. Nessa situação é muito importante que os familiares ou amigos próximos tomem a decisão de levá-la ao médico, seja o clínico ou médico da família, seja o psiquiatra. Este fará uma avaliação minuciosa do quadro, orientando na realização de eventuais exames laboratoriais, bem como no tratamento.

Os principais sintomas da depressão são: tristeza profunda e duradoura (em geral mais que duas semanas), perda do interesse ou prazer em atividades que antes eram apreciadas, sensação de vazio, falta de energia, apatia, desânimo, falta de vontade para realizar tarefas, perda da esperança, pensamentos negativos, pessimistas, de culpa ou autodesvalorização. Além desses, a pessoa pode ter dificuldade para concentrar-se, não dorme bem, tem perda do apetite, ansiedade e queixas físicas vagas (desconforto gástrico, dor de cabeça, entre outras). Em casos mais graves podem ocorrer ideias de morte e suicídio, havendo até pessoas que tentam o suicídio. A depressão é frequentemente uma doença recorrente, a pessoa tem episódios de depressão que se repetem de tempos em tempos.

A causa da depressão não é conhecida. Sabe-se que vários fatores biológicos e psicológicos podem contribuir para seu aparecimento. Em algumas pessoas a hereditariedade tem um peso importante, outros parentes também apresentam depressão. Com muita frequência a depressão começa após alguma situação de estresse ou conflito e depois persiste, mesmo após a superação da dificuldade. As pesquisas mostram que na depressão há um desequilíbrio químico no cérebro, com alterações de neurotransmissores (substâncias que fazem a comunicação entre as células nervosas) principalmente da noradrenalina e da serotonina. A descoberta destas alterações permitiu o desenvolvimento de medicamentos específicos para o tratamento da depressão: os medicamentos antidepressivos.

Fonte: http://www.saudemental.net/depressao.htm

 

A DEPRESSÃO NA VISÃO ESPÍRITA

Este é o parecer do Dr. Jaider Rodrigues de Paula – Psiquiatra/AMEMG Associação Médica Espírita de Minas gerais.

Conceito:

É um transtorno do humor, com baixa da atividade geral, levando ao sofrimento íntimo profundo, desesperança, falta de fé em Deus, em si próprio e na vida.

Etiopatogenia[1]:

A ciência médica ainda não tem, claramente, o conhecimento da origem da depressão. Fala-se em distúrbios dos neurotransmissores a nível do sistema nervoso central, de herança genética de pressão social, frustrações, perdas precoces importantes e outras mais; porém, embora todas as possibilidades acima sejam verdadeiras como desencadeadoras, não explicam porque alguns indivíduos, sofrendo as mesmas contingências, não desenvolvem um quadro depressivo. Todas as possibilidades acima são efeitos e não causas.

A causa da depressão vige na alma e não somente no corpo físico. O conflito do deprimido remonta a causas pretéritas, provavelmente longínquas, com repercussão no presente. O cerne da questão liga-se a não identificação do amor divino e da paternidade do Criador. Por isso a rebeldia tão comum no deprimido.

Revolta-se contra as leis, desdenha a própria vida, não concordando em ter sido criado, vai com facilidade ao suicídio (10 a 15% dos deprimidos se suicidará). Num ato de rebeldia extrema tentam devolver a própria vida ao Criador.

O deprimido apresenta duas características: – egoísmo e agressividade. Egoísmo por crer que sua dor é a maior do mundo e agressividade voltada principalmente contra si próprio. Não pensam que seus atos irão fazer sofrer os que vão ficar.

A essência da existência é o elo Criador-criatura, Pai-filho.

A ruptura deste elo pelo deprimido suicida é extremamente sofrida, pois, talvez, repete o desligamento havido outrora, quando da separação Pai e filho. Por isso as perdas precoces falam alto ao coração do deprimido.

Entendemos que a primeira queda forma um clichê mental na vida do espírito, de modo que haveria uma tendência neurótica à repetição do mesmo erro durante as futuras reencarnações. Estão incitas no perispírito as matrizes da depressão. O corpo físico reflete o corpo espiritual. Se o reencarnante traz insculpido no seu psicossoma as matrizes da depressão, elas influenciarão ativamente na seleção genética dos elementos que poderão viabilizá-la na vida física, caso o interessado deseje. Doenças são efeitos e não causas.

As excrescências do egoísmo são a vaidade, orgulho, inveja, revolta. E observando, vamos encontrar como ponto central da mente dos encarnados uma destas excrescências como núcleo motor da personalidade. Se for a rebeldia, a tendência pode ser a depressão. A taxa de prevalência é de 7 a 17 % e o gene participante é dominante e deve encontrar-se no cromossoma 11, embora haja uma tendência entre os geneticistas em aceitar como mais provável uma interação poligênica.

Tratamento:

O tratamento deverá ser abrangente, holístico. Para efeito didático, diremos: – médico, psicológico, social e principalmente espiritual.

O tratamento médico é imprescindível na fase crítica.

O uso de antidepressivos é decisivo para restabelecer a fase aguda.

Sabe-se que alguns neurotransmissores estão envolvidos na depressão, tais como: noroadrenalina, serotonina, dopamina e outros.

O uso dos antidepressivos estabelece a harmonia químico cerebral, melhorando o humor do paciente. Cuidam simplesmente do efeito, pois os medicamentos não curam a depressão; provavelmente restabelecem o trânsito das mensagens neuroniais, melhorando o funcionamento neuroquímico do SNC (sistema nervoso central).

A orientação social é necessária em especial naquela porcentagem de deprimidos (20%) que apresentam sequelas profissionais após várias crises. Perdem empregos, família e consideração social, entrando num círculo vicioso agravante de seu problema. O tratamento espiritual é importantíssimo porque o

“espírito é o fundamento da vida”. Quando não valorizamos o tratamento espiritual, os resultados costumam ser precários, as recidivas constantes, com uma tendência ao envelhecimento precoce.

Sua crença é voltada para o negativo, é muito voltado para si e seus males (muito egoísta). Seduz o mundo com sua dor. É pouco responsável em seus atos (embora pareça o contrário). E tem dificuldade no auto e eterno perdão. É perfeccionista por orgulho e vaidade. Tem convicção no fracasso. Apresenta extrema agressividade voltada para si. Vinga-se de Deus e dos que amam-no (70% pensam no suicídio e de 10 a 15% cometem-no). Vive criando culpa por recapitularem o erro primeiro. É cheio de remorso por bagatelas – muitas doenças são originadas nele ou tem nele seu desenvolvimento acelerado.

A depressão é a tristeza deteriorada. O duplo etérico é gravemente acometido apresentando dificuldades em fazer circular as energias necessárias à vida.

A aura é acinzentada demonstrando uma existência sem vida. No tratamento temos que orientar para a respiração a longos haustos (exercícios respiratórios), melhorando a captação da vitalidade e dissolvendo as energias negativas.

Alimentação que estimule o bom funcionamento dos intestinos, tais como frutas, verduras, banhos de sol em horários convenientes, evitar alcóolicos, fumos e excessos de carne. Passes fluídicos nos centros de forças genésico, esplênico e gástrico. Fazer exercícios físicos como caminhadas, natação e outros salutares.

Exercitar a mente de maneira consciente para olhar o lado bom das pessoas e das coisas. Fazer meditação, relaxamento e pequenas tarefas em favor dos semelhantes (sair de si). Buscar melhor convivência familiar e no trabalho, desenvolvendo o sentimento de gratidão com as pessoas, com a vida, com o Criador. Cultivar a oração regularmente restabelecendo a comunhão com Deus, o hábito de leituras nobres, melhorando o padrão vibratório e estimulando o sentimento de esperança.

Não podemos esquecer das obsessões espirituais que têm nos deprimidos fértil terreno para o seu assentamento.

Há outro aspecto muito interessante, abordado pelo Espírito François de Genève, no capítulo V, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:

“Sabeis porque, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? É que o vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços, cai no desânimo e como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia e vos julgais infelizes.

Fonte: http://www.nenossolar.com.br/

QUANDO A MEDICINA E A ESPIRITUALIDADE TRABALHAM JUNTAS

O médico neuropsiquiatra e psicoterapeuta, Dr. Franklin Antônio Ribeiro, dirigente do Grupo Espírita Hosana Krikor e membro do Núcleo de Estudos dos Problemas Espirituais e Religiosos (NEPER), do Instituto de Psiquiatria da USP, esclarece quais são seus principais agentes causadores e como a ciência e a doutrina espírita podem trabalhar juntas.

A depressão pode ocorrer em qualquer idade?

Acontece em todas as idades, inclusive na infância. A depressão pode ocorrer também na adolescência, tendo como sintoma mais comum a irritabilidade, aliás, o número de jovens com depressão vem aumentando devido ao uso exagerado do álcool e das drogas.

Como a depressão é analisada do ponto de vista médico, humanístico e espiritual?

A depressão tem várias faces. Do ponto de vista humanístico, o amor, desde a infância, é fator primordial e começa dentro da família. Se há uma relação sincera entre os parceiros, a criança vai crescer dentro de um lar estruturado, mesmo com todas as dificuldades naturais de uma relação humana. O indivíduo aprende desde cedo a lidar com a insatisfação, com as crises, com o respeito, amizade, desprendimento e outros aspectos importantes nos relacionamentos.

Muitas vezes, se a pessoa está com a auto-estima baixa, sem autoconfiança, desanimada, desinteressada, sem prazer na vida e sente que alguém se interessa por ela, sua imunidade melhora muito. O ser humano precisa se sentir reconhecido. Sem isso, começa a sentir uma sensação de vazio e angústia.

O deprimido tem equívocos em relação ao que pensa sobre si mesmo. O indivíduo não se conforma com aquilo que está podendo ser e o que gostaria de se tornar.

Do ponto de vista médico, a depressão é uma falta de neurotransmissores no cérebro, que necessita de medicamento, ou seja, de um controle químico.

Pelo ângulo espiritual, a culpa, o remorso, a mágoa e o ressentimento levam a pessoa a estados depressivos, podendo causar o desenvolvimento de doenças psicossomáticas e até mesmo câncer. Portanto, o amor e o perdão que a doutrina espírita tanto nos ensina são sentimentos também preventivos.

Quais são os tipos de depressão?

Na depressão primária o indivíduo nasce com falta de neurotransmissores e com doses de remédio e amor a depressão pode ser evitada. Lembramos também que a depressão recebe os fatores genéticos. Estudos com irmãos gêmeos comprovam o fato.

Na secundária, há fatores que podem desencadear a depressão como alguns medicamentos que afetam o humor, períodos pós-cirurgia, pós-parto, pré-menstruais, menopausa, entre outros.

O que fazer diante dos sintomas de uma depressão?

Primeiro procurar um médico psiquiatra para que não sejam tomados remédios ministrados de forma errada. Cada paciente necessita de um antidepressivo específico. Se além do remédio, da terapia, dos cuidados com o sono, com a alimentação e das relações, o deprimido fizer um tratamento espiritual com passes magnéticos, água fluidificada e leitura do Evangelho, tanto melhor. O tratamento completo engloba o biológico, psicológico, social e espiritual.

Como prevenir?

Se o fator genético for muito forte, pode-se evitar os fatores psicológicos e espirituais. Psicologicamente, podemos ensinar a criança a lidar com a falta das coisas e das pessoas, estabelecendo limites. Educar é frustrar, porque a vida na Terra possui perda, dor, sofrimento e inevitavelmente passaremos por situações assim. Se formos educados desde cedo a enfrentar as situações, estaremos mais bem equipados. Se a cada sofrimento os pais derem um presente, ou de certa forma, satisfizerem o princípio do prazer o tempo inteiro, estarão criando seres inseguros, rebeldes, que aprenderão a ver na matéria a solução para seus problemas. Ao contrário disso, devem ensinar o princípio do perdão, da verdade, sinceridade, respeito, lealdade, companheirismo e diálogo.

A verdadeira prevenção está no autoconhecimento, no amor a si mesmo e ao próximo, tendo consciência de que os seres humanos são como são, e não da forma como gostaríamos que fossem. Só conseguimos compreender o outro, quando nos compreendemos, aprendendo a aceitar, a lidar com a insatisfação. Não há como prevenir depressão senão passarmos por nós mesmos. Deus está dentro de nós, então agradeça a Ele pela vida. Quando o temporal passa, surge um lindo sol.

A assistência espiritual que foi implantada na Federação Espírita do Estado de São Paulo tem sido um grande recurso para a recuperação de pessoas com depressão grave e vem atendendo, com sucesso, a um grande número de pessoas.

A assistência espiritual, atualmente, está sendo aprimorada com procedimentos e técnicas novas visando acelerar o processo de recuperação. Na nossa experiência, observamos uma recuperação mais rápida no início da implantação do trabalho, com atendimento em grupos menores – no máximo de 40 a 50 pessoas – com técnicas específicas desenvolvidas na apresentação dos temas, recursos especiais de comunicação e experiência com a depressão e com pessoas deprimidas.

O crescimento dos trabalhos exige a utilização de colaboradores em grande número, cuja experiência mais limitada diminui a eficácia do trabalho aumentando o citado período de recuperação. O maior número de pessoas atendidas em cada grupo também dificulta a interação necessária, diminuindo a eficácia do trabalho.

Fonte: http://www.rcespiritismo.com.br/

Entrevista publicada na Revista Cristã de Espiritismo, edições 24 e 62.

[1] etiopatogenia sf (etio+patogenia) Med Estudo das causas das doenças ou do seu desenvolvimento.