Obreiros na Seara do Mestre
Há dentre vós os verdadeiros obreiros na Seara do Mestre e há, também, os que assim se consideram embora ainda não tenham atingido tal condição.
Os verdadeiros são identificados pela simplicidade, pelo amor ao próximo na acolhida afetuosa, pela expressão do olhar sempre direcionado ao interlocutor, pela palavra apaziguadora, pela humildade e singeleza com que executam suas tarefas. São capazes de sentimentos menos positivos, entretanto, lidam com eles com a sabedoria da alma e o conhecimento do espírito, não se deixando levar por atitudes agressivas e palavras destemperadas. São humildes em seu posicionamento e soberanos em seus sentimentos. Entendem a fraqueza e o momento de dor de seu semelhante como se fossem seus e tudo fazem para minorá-lo.
Seus companheiros de caminho – que ainda estão num processo menos abrangente – ainda pecam pela vaidade, por aparentar um saber que muitas vezes não possuem, por considerar que eles, certamente, agiriam de maneira mais adequada, firme, seletiva do que àquele que se deixou seduzir, enganar, envolver ou humilhar. Dizem palavras de consolo muito mais preocupadas com a correção das mesmas do que com seu conteúdo; abraçam de modo formal e sorriem de modo artificial. Suas atitudes não são originadas por maldade, não, apenas ainda estão envoltos em sua própria busca e, com isto, confundindo-se em seu fazer.
Lembrem-se que o que nos diferencia é não só a capacidade de amar, como e principalmente, a maneira como transmitimos esse amor. Sugerimos assim que comecem por amar-se em suas dificuldades, limitações, dúvidas, angústias e enganos perceptivos. Sejam generosos com vocês mesmos e perdoem-se. Admitam ao outro que são tão falíveis quanto ele e que se necessitam mutuamente. A partir do momento em que usarem de aceitação/perdão e amor por si – poderão entender, aceitar, perdoar e amar o próximo seja ele uma figura bonita, perfumada e agradável ou um menos afortunado carente de higiene corporal, suprimento moral ou conteúdo intelectual e afetivo.
Busquem a entrega verdadeira em qualquer atividade – de doação e caridade –, não relutem em dar além daquilo que lhes é solicitado e, mais ainda, não esperem pelo pedido explícito de ajuda, usem de fraterna percepção e não se neguem a abordar o outro sempre que seu sentir isto o induzir.
Desejamos que os ventos do deserto, as águas do mar revolto, a brisa gelada das montanhas e o perfume intenso e delicado da natureza, em sua colorida manifestação, sejam portadores de nossa vibração mais profunda e amigável de amplitude consciencial, luz em suas caminhadas e paz em seus corações.
Anabando
Recebido pela Magali em 23.05.2008
Revisão: Clovis